Não há tempo para ter tempo...

 
Não há tempo para ter tempo.
Uma constante na minha vida que se tem agravado neste último mês. 
Isso é mau porque nos priva de fazermos muito do que gostamos e, sobretudo, de estar com aqueles que realmente gostamos de estar.
Este mês tem a particularidade de me ter atirado para fora de casa em todos os serões fruto de um sem número de ensaios, reuniões e atividades que o meu corpo começa a dizer, ainda que de forma indireta, que tenho de parar.
Não há tempo para ter tempo. E isso é mau.
Quando damos por ela estamos a sair de manhãzinha de casa e a regressar já pela noite dentro, em hora muito avançada, e com os filhos a dormir.
Todos os dias ao sair de casa, quer pelo estado do tempo, pela intensidade do vento, pelas folhas no chão, sei lá... Mas, dizia eu, ao sair de casa, lembro-me sempre de algo que já não faço mas que gostei muito de ter feito.
Os últimos dias têm-me dado um manto branco logo pela manhã e eu, antes de entrar para o carro, olho para os lados da Felgueira onde na minha meninice fui várias vezes ao musgo para fazer o presépio do “grupo coral dos pequeninos”. Outras vezes, ao chegar a casa na hora de almoço, olho o comando da consola que o Tiago esqueceu no chão e penso para mim mesmo: “logo à noite vou dar uns tiros na ps4 ou jogar wii em família” mas logo caio na realidade.
Não há tempo para ter tempo. E isso é mau. Ou não. Há sempre um lado positivo. Nem que seja o lado mais pequenininho. E o lado positivo é que acabamos por chegar a um ponto em que não dá mais. O tempo “perdido” em grandes viagens até à universidade tem sido um ótimo conselheiro. Faz-nos perceber que o Variações sabia umas coisas quando escrevia “Muda de Vida”.
Enquanto isso não acontece vou-me agarrando a alguns desses flashes que costumam surgir quando saio de manhã bem cedinho. Há uns dias foi este “Escape from the Planet of the Robot Monsters” que me passou pela cabeça. A princípio achei estranho pois, como o tempo é muito escasso, costumam ser grandes clássicos a assaltar-me a memória. Mas desta vez não. O jogo não é mais do que mediano mas, talvez devido aos excelentes gráficos, me tenha voltado a cativar. Faz lembrar um tempo em que se comprava um jogo pela beleza da “capa da cassete”. O que é certo é que estes dias tenho andado intrigado a pensar em como um jogo tão mediano não me sai da cabeça.
Um dia destes dou por mim a desmarcar algum ensaio. Só para tirar as dúvidas.
O pior é que, lá está...
Não há tempo para ter tempo.
E isso, afinal de contas, é mau.
Ou talvez não.
Logo à noite vou ouvir o “Variações”.
Só que, lá está mais uma vez...
Não há tempo para ter tempo.
Raios...
Menos mal. Lembrei-me agora que dá para ouvir no carro, durante as viagens...

1 comentários:

Anónimo disse...

Caro Miguel.

Desejo-lhe um Feliz Natal e um excelente Ano Novo!

...de Guimarães.