A Carta da Morte



Obrigado Hélder.

No dia em que escrevo estas linhas, confesso que estou um pouco emocionado.
Todos os que conhecem o meu sobrinho Hélder sabem, certamente, reconhecer-lhe o imenso talento nas mais variadas artes. O que talvez não saibam é o porquê de hoje me ter emocionado um bocadinho. Mas facilmente perceberão se conseguirem ler este pequeno texto até ao fim.
Tinha mais ou menos a tua idade, Hélder, quando comecei a fazer os meus primeiros truques "a sério" de magia. Como não havia internet o gosto surgiu-me do programa "Isto é Magia" do Luís de Matos que passava durante a semana, todos os dias, ao fim da tarde. Corria, creio eu, o ano de 1994.
Na época eu era um felizardo pois tinha um vídeo lá em casa e gravava todos os programas para depois rever todos os truques vezes sem conta para conseguir descobrir alguns deles. Frequentemente, sentia-me pequenino. Tudo era apresentado de uma forma soberba e contagiante. E eu ficava ali, petrificado, atento a todos os pormenores. E era sempre ali, algures pelo meio, que o Luís de Matos era "maior" do que eu. E isso era o que mais me fascinava...
Não demorou a descobrir-lhe alguns dos truques. Daí até eu arranjar uns copos e umas bolas e começar a fazer desaparecer coisas em frente aos espectadores lá de casa foi um pequeno passo. O facto de eu dizer as minhas gracinhas também ajudava (ainda consigo ver a cara de riso dos meus pais depois de alguns dos meus truques).
A minha primeira cobaia para além do agregado familiar era o meu colega de carteira, o Nepinhas, que na escola, no dia seguinte, levava com alguns dos truques que eu ia descobrindo. Ai que saudades...
Foi assim que aprendi a fazer malabarismos com bolas, a desaparecer cartas, a prever os números do totoloto, entre outras coisas...
Depressa alarguei os meus horizontes a mágicos estrangeiros que mais esporadicamente apareciam na televisão (David Copperfield era o nome maior). E foi um desses mágicos que me trouxe, na altura, o meu truque preferido. E como eu fiquei radiante quando descobri como era feito... Chamava-se: A Carta da Morte.
Por isso hoje fiquei bastante emocionado. Porque ao ver-te, Hélder, revi-me, há 20 anos atrás, com o mesmo entusiasmo, embora com muito menos capacidade. Graças a ti, Hélder, hoje, voltei a fazer magia no meu liceu. Voltei a ser, por momentos, o "maior" da minha rua. E isso, às vezes, sabe bem...
Continua Hélder. És enorme. Fazes coisas que eu nunca serei capaz. E, como o Luís de Matos, também me fazes sentir pequenino muitas vezes. Obrigado por isso. Porque me "engrandece".
Ainda não eras nascido Hélder. Mesmo assim, passados todos estes anos, tenho a certeza que pegando num baralho consigo fazer esse truque da "Carta da Morte" à primeira tentativa. E tu sabes como isso sabe tão bem. Não sabes?
Obrigado.

Miguel

1 comentários:

Unknown disse...

Obrigado Miguel por me teres mostrado todas essas gravações que tinhas sobre magia e também as revelações da maioria dos truques, incluindo este da Carta da morte. Foi contigo que comecei a gostar e a praticar as minhas primeiras "magias" . Nós sabemos como sabe tão bem fazer "magia" e que cada vez mais queremos saber ainda mais. Mais uma vez, muito obrigado Miguel!