Contramão

Começo o ano em contramão.
É desta forma que o Pedro Abrunhosa nos convida a mergulhar na sua música e eu, seguidor assíduo desde os primeiros passos dados em 1994, limito-me a deixar-me levar. Foi assim que o respectivo cd se juntou a todos os outros desde “Viagens” nas prateleiras cá de casa.
Já muito escrevi neste Avião de Papel sobre a música de Pedro Abrunhosa. É cada vez mais complicado acrescentar novas palavras sem ter de me repetir. Mesmo assim arrisquei este pequeno apontamento.
Porque apesar de não surpreender, este Contramão é interessante com a balada “Para os braços de minha mãe” a assumir um destaque maior. A lembrar sobretudo aqueles que foram para longe. Mas também os outros, os que ficaram. Porque o longe, às vezes, é mesmo ao virar da esquina. Basta que a saudade aconteça. E eu tenho saudades de tanta gente.
“Toma conta de mim” e “Voamos em contramão” têm-se feito ouvir mas não em regime de exclusividade. Este Contramão teve a particularidade de me fazer regressar ao resto de toda a obra que celebra em 2014 o seu 20.º aniversário. E é assim que se vão fazendo os meus dias. De olhos nos olhos com “Viagens”, “Tudo o que eu te dou”, “Tempo”, “Se eu fosse um dia o teu olhar”, “Lua” e tantas outras…
O sofá despreocupado da minha adolescência onde ouvia todas as músicas de “Viagens” e “Tempo” (de longe a melhor fase do músico) deu agora lugar à pen que trago no rádio do carro com a voz do Abrunhosa. Os olhos fechados de outrora têm agora de estar bem abertos, atentos às armadilhas que o trânsito me vai trazendo enquanto adivinho de forma mais ou menos natural todos os novos acordes que me chegam também em contramão.
Passo os olhos por uma entrevista ao jornal Público e não consigo conter um sorriso melancólico quando o músico fala acerca da minha canção preferida:
“Curiosamente, a última música do disco nem sequer era para entrar. Nunca tínhamos tocado o Tudo o que Eu te Dou, mas o Quico sabia os acordes e eu tinha a música imaginada. Saiu à primeira, gravado às duas da manhã do dia anterior a irmos embora”.
Para os mais curiosos a entrevista completa pode ser consultada aqui.
E não me vou alongar mais. Queria apenas deixar um pequeno registo e esse propósito já foi conseguido. Agora deixem-me ir de mãos dadas com a música do Abrunhosa numa pequena viagem no tempo.
Até já.

1 comentários:

Carlos Almeida disse...

Caro amigo Miguel "Cebolinha!", aqui ficam os meus mais sinceros parabéns pela perfeita descrição do que é o ambiente no seio de uma banda filarmónica "a nossa banda filarmónica!". Uma visão perfeita da cronologia,ambiente e companheirismo. Abraço