“Os ideais são como as estrelas: nunca as alcançamos, mas guiam o nosso destino”.
A cada voo meu, por muito ínfimo que seja, sonho alcançar-te. A cada rasgo pelo ar. A cada pulo. A cada movimento. A cada tremelicar de asa. A cada rajada de vento que deixo para trás. A cada noite que ultrapasso no tempo. E sonho-te. Assim. Com a noite e as estrelas como pano de fundo. Porque tu és em mim. Toda. E embora existas em mim desde sempre, eu crio-te a cada noite que não te tenho. Muitas noites. Todas as noites. E o teu rosto confunde-se com a beleza da luz alaranjada que as estrelas me oferecem.
Faço de ti a minha constelação. Aquela que apenas eu descobri. Apenas eu admirei. A minha Cassiopeia. Porque as minhas asas chegam sempre mais além que o mais poderoso dos telescópios. Porque eu consigo ter sempre comigo tudo aquilo que me faz querer-te tanto. À vista desarmada. De forma simples. Mesmo a anos-luz de distância. Mesmo que não brilhes para mim. Porque todas as formas de te ver que encontro são nítidas. Porque sei de cor o teu brilho. Sim. E, mesmo assim, não me canso de o olhar. Porque, para mim, tu não és uma vez, duas vezes, três vezes… Para mim, és todas as vezes. Sempre. Mesmo quando o que mostras me faz sentir-te a escapar-me, como a água saída de uma fonte se escapa por entre os dedos de uma mão. Das minhas mãos que não tenho.
Mas ainda que nunca te tenha, eu descobri-te. Eu. Eu e mais ninguém. És a minha Cassiopeia. Minha. Mesmo que nunca te tenha. Porque eu te descubro a cada hora que passa. A cada minuto. A cada segundo. A cada instante irrepetível. A cada retalho de tempo. A cada fragmento do teu olhar que sinto em mim entre cada respirar. Entre cada batida do meu coração. Porque tenho no teu olhar o mundo inteiro. Porque tenho no teu sabor o meu respirar. Porque tenho no teu cabelo os mais preciosos fios de ouro que encontrei. Porque tenho nos teus gestos um pouco da minha loucura. Porque tenho na tua voz as mais belas canções de embalar que me abraçam e adormecem. Porque tenho no teu sorriso toda a música que procuro e escrevo. Porque tenho no teu corpo a minha vida. Porque tenho em ti todo o Universo.
És a minha constelação. A minha Cassiopeia. Ou melhor, ‘Cassiopeiae’, para ser mais correcto. És essas estrelas que me guiam. És o meu destino. Encontra-me…
E eu?! Eu sou um simples Avião de Papel, à espera que me descubras, perdido no espaço, algures entre o alvorecer e a madrugada…
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