Amanhece. Cedo. E amanheço eu. Mesmo antes da própria manhã. E, comigo, amanhece a luz do sol, o azul do céu, a beleza das flores, o cantar dos pássaros ou o barulho das ondas que não vejo. E amanheces tu. Em mim. Antes de tudo isso. Mesmo que ainda estejas adormecida num dos sonos em que a última noite te deitou. Porque te trago sempre comigo. Porque te pinto de olhos fechados, deitada, pura e linda. Pinto-te, com tons de pastel, numa qualquer tela que sinto pousada no mais fundo de mim. Para te olhar. Para te sentir. E beijo-te a cada manhã que não te tenho. Em que empresto ao meu nariz a fragrância que te inventei. Aquela que melhor me serve para ter sempre presente a cor da tua pele. Para lembrar o teu braço. O teu abraço. Para te sentir. E é assim que amanheço contigo. Sempre. É assim que levanto voo…
Uma vez lá em cima, procuro-te. Sempre. E sinto-te no vento que me limpa as asas e me beija o rosto. Sinto-te neste céu onde não te encontro. Porque tudo me leva a ti. Tudo parece ter o teu nome. Tudo me fala de ti. Porque te sinto. Sempre. Como quem sente o arco-íris nas cores de um campo florido. E é durante esse voo do Nascente ao Poente que te sussurro a toda a hora. O teu nome. Baixinho. Durante um voo picado. Porque o mais ínfimo som que contenha o teu nome é mais forte que o maior dos gritos do universo. E imagino-te a ouvir-me. A dares sentido às palavras que solto ao vento. A transformá-las em pequenas esperanças que rasgam. E queria dizer-te a toda a hora. A ti. Mas não consigo. O mais que te consigo dar é dizer-te que tu me fazes querer ser diferente. Ser melhor. Ser mais. Para te poder dar mais. Dar-me mais. Melhor. Mesmo que a janela onde me largaste seja agora apenas um pontinho escuro que vejo lá atrás. Bem lá atrás. Na vida que não fiz hoje.
Anoitece. Tarde. E anoiteço eu. Mesmo depois da própria noite. E comigo anoitece a lua, a luz das estrelas, o negro do céu ou o silêncio da noite. E anoiteces tu. Em mim. Depois de tudo isso. Porque te crio embrulhada num lençol. Porque sei o colchão onde pousas o teu corpo. Perfeito. Porque te quero. Aqui e agora. Ao ritmo do teu respirar. Porque te respiro. A ti. E espero o teu adormecer. Os teus olhos fechados que me dão vida. Quando faço do meu corpo o teu regaço. E só depois adormeço. Quando sinto na noite a nossa noite. E deixo-a dormir…
1 comentários:
Olá caro amigo,
Já por aqui passei várias vezes e a verdade é que nunca tive tempo para comentar! Hoje é difente!!!
PARABÉNS por este grandessissimo blog..
Nele se reflete aquilo que verdadeiramente és!Em cada post aqui feito , acredito que é um bocado de ti transformado em milhentas palavras!!Palavras lindas, doces,sentidas e tantos outros infinitos adjectivos.
Neste cantinho,(depois já do teu celebre rum tum tugger) consigo mesmo voar...Fechar os olhos e ir mais além!
Abordando este post, bem, mais um dakeles brilhantes que só mesmo tu podes criar!
(Meu Deus, se eu também me conseguisse exprimir assim!!)
Um post estrondoso!!!
Um post no qual eu "me vejo", no qual eu "vivo" e no qual eu um dia o escreveria!!
Continua assim Rui Miguel!!
Mais uma vez, PARABÉNS...
Bem,não me vou alongar mais..(ainda rasgo um músculo..txii)
Aquele forte abraço amigo,
Leandro Cardoso
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a.c.v.m
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