A prima da Odete...

Corria o ano de 1996. Quer dizer, corria não!!! Voava, isso sim! Porque o tempo não espera por ninguém. Será talvez o que vamos fazendo com ele que nos pode tornar um bocadinho mais felizes. Pelo menos é assim que vou aproveitando o pouco que extraio dos meus dias.
Mas, dizia eu, voava o ano de 1996. Tinha começado a namorar com a Odete há poucos dias quando conheci a Cati. Era a prima da Odete que vinha de França. As primeiras memórias que tenho são de uma sede do GCRR minúscula na antiga fábrica dos “Móveis Antunes”. E nós lá estávamos a enrolar papéis para aquela que haveria de ser a primeira tômbola do GCRR. E foi assim que tudo começou. O GCRR tem, de facto, este dom de contruir memórias de ouro para todas as pessoas que estejam atentas. Foi assim que fizemos parte do mesmo grupo de cantares onde tocávamos acordeão, um em cada lado do palco. E foi mais ou menos nessa mesma disposição que apresentamos a “Marcha dos Marinheiros”, por exemplo, em muitos dos espetáculos de teatro do GCRR. Foi nesse mesmo palco que demos vida ao Eduardo Rodrigues e à Silvana D’Abreu na famosa “Uma Bomba Chamada Etelvina” do Henrique Santana e que tanto sucesso teve enquanto esteve em cena.
Eras a prima da Odete...
Passámos também por inúmeras aventuras nos saudosos encontros de jovens onde tinha tanta gente boa e de quem tenho tantas saudades. Penso muito nesses tempos. Muito mesmo! Sou um saudosista, reconheço. Ficámos em 2.º lugar, por apenas 2 pontos, naquele Festival no Palácio de Cristal em 2002 em que poderíamos perfeitamente ter ganho. Olhando agora para lá, a esta distância que é longa em tempo mas curta em gratidão (é como se ainda estivesse lá), ainda bem que não ganhámos. Foi o melhor que nos podia ter acontecido. Senão como teria surgido o fantástico “Eco do meu sim” que nos levou à vitória em 2006?
Acredito profundamente que o segredo da amizade ou das pessoas que admiramos se chama “presença”. É o estar lá, mesmo quando não interessa para nada. Ou, sobretudo, quando não se diz nada. Ou, melhor ainda, quando isso acontece. E eu estive lá, por exemplo, quando entraste para a Faculdade. Ainda me lembro da corrida que demos desde o ICBAS até à Caixa Geral de Depósitos para conseguirmos chegar antes da hora de fecho. A esta distância e com esta tranquilidade dá para rir, sabias?! E estive lá também no “durante”. Quando levava a minha vida solitária pelas ruas do Porto e almoçava sozinho na Reitoria. Cheguei a fazê-lo algumas vezes contigo. Eu cantava sozinho enquanto comia e sem me aperceber, lembras-te? Acho que era uma forma de espantar a minha solidão. E fazia-o sem me dar conta. Mas o importante é que eu estive lá nas vezes em que levaste o teu padrinho para almoçar, se bem me lembro, em alturas especiais, como o aniversário que hoje festejas. E como era bom rever o padre Zé.
Também estive lá no fim do curso. Fomos ver o Abrunhosa e, no final, deixei-te em tua casa no Burgo. Aqui já não era apenas a prima da Odete. Eras a Cati.
Na parte final do meu curso de matemática chegaste a levar-me algumas vezes para o Porto. Terá sido talvez numa dessas viagens que me deste a conhecer a “The Drugs Song” que nunca mais esqueci. Uma memória divertida que me acompanhou desde então.
Entretanto casaste e eu, mais uma vez, estava lá. O Pedro é um rapaz 100%. Foi uma honra compor aquela canção “Tu e Eu”. Terá sido a última grande canção que fiz.
Agora és a minha médica e tens já também a Eva e o Diogo que compõem de forma perfeita a família completa. Uma família que vou observando à distância tentando aproveitar-lhe o exemplo.
Queria apenas dizer-te que tenho poucos amigos. Mesmo poucos. Mas são muito bons. Foste a prima da Odete. Foste a Cati. És minha amiga.
Vemo-nos logo no Baile de Carnaval. Lá está, mais uma vez, o GCRR.
Obrigado.
Um beijinho enorme de parabéns.

Miguel
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1 comentários:

Anónimo disse...

Já não bastava o privilégio de ter a Odete como prima (e é bem mais do que isso... ), tenho também o enorme privilégio de te ter como Amigo. Tão bom recordar estes momentos... Lembro-me de todos com excepção da "the drug song" (mas fartei-me de rir quando fui pesquisar na net) e tenho muitos mais guardados no coração. De facto estiveste "lá" muitas vezes... Talvez nem tu saibas todos os momentos em que "estiveste", por vezes até mesmo sem estares... E o mais importante é que continuas a "estar", mesmo nos momentos em que eu não estou como gostaria de estar... Haveria muito por dizer e agradecer mas, como sabes, não tenho o dom da palavra e da escrita (até eu já fiquei baralhada com a minha própria mensagem ��) mas como sempre, tu saberás o que me vai cá dentro... Obrigada por tudo Miguel! Até logo.

Da amiga Cati, prima da Odete