Feira das Colheitas

A Feira das Colheitas acabou. 
Confesso logo à partida que haverá uma quantidade enorme de gente a quem esta magnífica festa diz muito mais do que a este simples mortal que hoje vos escreve estas linhas. No entanto, e como bom arouquense, isso não impede que nutra por ela aquele carinho que estará nos genes das gentes desta terra. E a edição deste ano, no que a mim diz respeito, teve as suas particularidades. Desde logo, apanhou-me numa fase muito introspectiva. O facto de estar na festa mas "longe da multidão" levou-me a muitas avaliações interiores, tão necessárias quanto proveitosas (embora, por vezes, dolorosas).
Sabia de antemão que estaria ocupado em "trabalho" na sexta-feira, no sábado e no domingo. Isso, só por si, deveria ser motivo de análise e de apreensão logo à partida. Como se pode aproveitar uma Feira das Colheitas assim?!
Mas comecemos pelo início. Costuma ser o mais sensato...
Por saber a pouca disponibilidade que teria nos outros dias, a quinta-feira foi aproveitada para passar um bocadinho nos carrosséis com a Odete e ficarmos os dois deliciados a ver os risos dos nossos pequeninos. E como é tão bom podermos dar-lhe um pouco de mimo de vez em quando... Tenho de agradecer à Odete essa noite pois, a verdade seja dita, o cansaço era tal que nem queria sair de casa e foi ela que me convenceu. Ainda bem.
Nos restantes dias o plano era outro. A missão passava pelo apoio necessário à realização do Encontro de Concertinas e dos Cantares ao Desafio, pela execução de clarinete durante todo o sábado ao serviço da Banda Musical de Arouca e pela apresentação do Folclore durante todo o domingo. Não sobrava tempo para mais. E isso fez-me viajar para "dentro". Analisar. Reformular. Seguir. Reagir.
Deu ainda para passear um bocadinho (pouco) sozinho pela festa. Vi, ao longe, grupos de amigos juntos em amena cavaqueira. Caras conhecidas de outros tempos que mantêm os laços do passado. Uns felizardos. Ainda bem.
Já não tenho os amigos de outros tempos para ir aos carrosséis, andar pela festa ou beber uns copos. Nada de mais. Apenas fica estranho. E no meio de tudo isto levei com duas "pedradas no charco". A primeira na sexta quando estive à conversa com o amigo Neno que vejo tão poucas vezes mas que nunca esquece os fantásticos tempos de outrora. É desta que vai sair o tal jantar com alguma da malta do 10.º ano. Já estou a tratar disso amigo. Já estou a tratar disso. Obrigado pela nossa conversa.
Depois foi a vez de no sábado reencontrar uma das minhas melhores amigas de sempre e que já não via há uns 17 anos. E isso é muito tempo. Mesmo. Mas, no sábado, não pareceu. Por isso foi em tempos uma das minhas melhores amigas. Porque mesmo sem nos falarmos tanto tempo, no sábado, fizémo-lo como se a nossa última conversa tivesse acontecido na véspera. Como se o tempo não tivesse existido entretanto. E eu creio que é isso mesmo que acontece com os verdadeiros amigos. E ficou prometido um novo encontro, desta vez sem deixarmos passar tanto tempo. Porque há muito para contar e para saber. Uma óptima surpresa.
Pelo meio tive a Odete e os meus pequeninos a ver-me na Banda e a apresentar o folclore, o melhor que a festa me poderia trazer.
Dos vários amigos com quem passeava pela festa noutros tempos, nenhum sobrou. Mas há um, de quem gosto muito, que tem sido a minha companhia nestas últimas edições e que me acompanha sempre mesmo quando estou a maior parte do tempo em trabalho. E este ano não foi diferente. Obrigado Nando, és das melhores companhias que eu poderia ter. Acabámos a festa no carro, a caminho de Rossas, concordando que foi bom e a desejar que para o ano seja ainda melhor. Acredito que sim, e que acabará mais ou menos como este ano: contigo no carro a caminho de Rossas. Se assim for, serei um homem feliz.
Até para o ano.

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