Uma das melhores prendas que tive no sapato...

Há noites assim. O sono não chega e, a verdade seja dita, nada faço para que isso aconteça. É estranho. O tempo passa por mim sempre a correr mas esta noite já consegui ver dois filmes de seguida e estou agora a escrever estas saborosas linhas enquanto vou olhando de soslaio, de quando em vez, o jogo renhido entre Miami e Utah que vai passando na tv. A fogueira vai-me trazendo o calor que preciso pelo que apenas me resta deixar-me levar até outros tempos...
Aos poucos volto aos dias em que tinha aquilo a que chamávamos "melhores amigos". E creio que era por isso mesmo. Por serem realmente amigos e por serem, de facto, os melhores que poderia ter. Dentre esses estava o Pedro, companheiro de tantas aventuras e um dos principais responsáveis pelo que de melhor há em mim. Por isso mesmo é um dos primeiros rostos a aparecer nas minhas memórias em outras tantas noites como esta.
Parece magia. Parece fácil. Fecho os olhos e estamos mais novos. As férias de Natal estão a começar e as minhas notas do liceu ainda servem para pedir uma prenda de Natal antecipada aos meus pais. O "sim" do meu pai é fácil de conseguir e lá vamos os dois, num dos dias seguintes, rumo a S. J. da Madeira comprar mais uns jogos para o nosso Commodore Amiga. Esse terá sido o dia em que melhor consegui juntar quantidade e qualidade. Estão todos na foto: Rodland, Prince of Persia, Prehistorik, Mercs, Gods, Magic Pockets, Speedball 2, Parasol Stars e Rainbow Islands. Isto seria um presente de sonho ainda nos dias de hoje, quanto mais há 20 anos atrás...
As disquetes ainda funcionam na perfeição e, imagina, um dia destes estive a montar o Commodore no sótão da casa dos meus pais, no mesmo sítio onde jogámos tantas e tantas vezes... É inexplicável a quantidade de pequeninos pormenores que se conseguem trazer de volta quando se criam condições para que isso aconteça. Tenho um amigo que lhe chama o "pôr-se a jeito". Soube mesmo bem voltar a subir aqueles degraus todos e sentir aquele cheiro característico enquanto o computador ia lendo as disquetes. Já não tenho a destreza de outros tempos pelo que o Boss final do Rodland, desta vez, foi mais forte do que eu. Mas eu hei-de lá voltar. Mais bem preparado. E hei-de voltar a acabar esse e muitos outros jogos como fizemos tantas vezes. Comparando com os dias de hoje, a esta distância, parecem dias em que era frequente ter a cabeça mais vazia e o coração mais cheio.

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