O amigo Paulo (em certos círculos bem fechados também conhecido como Andor) merecia hoje o melhor dos textos. Desculpa Paulo pois não será esse o caso. Pouco importa, creio... Dizem os de boa-vontade que a intenção por vezes é que conta pelo que resta-me acreditar que hoje será uma dessas tantas vezes.
O cansaço e a depressão há muito que tomaram conta de mim mas, ao contrário do que o meu corpo franzino poderia fazer acreditar ao comum dos mortais, a minha alma inquebrável tudo contorna com uma aparente facilidade.
Apesar de desempregado, trabalho é coisa que não me falta. Recebo por dia, em média, três telefonemas de gente (amiga ou não) a pedir algo, ao que costumo aceder na quase totalidade das ocasiões e sem querer nada em troca. Com dois filhos cá em casa a reclamar todas as atenções o tempo para mim e para fazer música torna-se cada vez mais escasso e mesmo aquele que sobra acaba por ser menos proveitoso. E é aqui que o Paulo merece a minha vénia. A minha gratidão. A minha amizade sincera.
Desde há muito tempo para cá (pode ler-se em anos...) o Paulo foi o único que veio falar comigo não para pedir algo mas antes para oferecer. Dar-se. E vejam lá a ousadia, nem sequer foi por telefone. Não é que o raio do rapaz falou comigo pessoalmente?! Como agradecer a uma pessoa assim?
Estava eu sentado num dos meus muitos momentos solitários e o Paulo aproxima-se de mim e diz: "Então? Ainda gostavas de experimentar uma trompa?". O resto não adianta partilhar. E tem sido assim que desde há um mês a esta parte tenho "brincado à música" em algumas manhãs tendo uma trompa por companhia.
Embora o Paulo tenha insistido para que continuasse com ela por cá, chegou a hora de a devolver.
Resta-me agradecer-lhe com todas as minhas forças pelo gesto e, sobretudo, por ser meu amigo. Mesmo tendo eu estudado na 1.º classe com o pai dele. Mesmo tendo sido colega de liceu, para além do pai, também da mãe. Tem idade para ser meu filho. É meu amigo e eu tenho orgulho nisso.
Conta sempre comigo. Um grande abraço Paulo.
1 comentários:
Que bonito texto. E eu, que um dia visitaste com a família, quando estava com um problema de saúde, nunca te perguntei se precisavas de alguma coisa, se te podia retribuir.
Por vezes perguntava à Cristina se estava tudo bem contigo, achava-te "magro". Sempre foste assim. Eu, talvez como muitas, também já pensei que eras uma pessoa "frágil". Já pensei, mas há muito que o deixei de pensar. Lembro o dia do teu casamento, a forma como tocaste e cantaste para a tua amada. Ainda hoje fico a pensar. Foi único para mim, o gesto em si, as qualidades que mostraste ter. Sempre que a Cristina fala de ti e da tua vida, costumo dizer-lhe que tu devias "abrandar", que assim ninguém aguenta. São coisas a mais. Eu falo assim porque já houve um tempo, quando trabalhava e estudava, que até "directas" eu fazia. Já há muitos anos para cá, se eu me deitar mais tarde já é o cabo dos trabalhos. O que quero dizer, é que existe um tempo para tudo. Ainda és uma "criança", mas, se calhar, tens que aprender a dizer "não". Um abraço de quem te quer muito bem e a toda a família.
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