Foto 2: Parte do material relacionado com os Queen que tenho aqui por casa.
5 de Setembro de 1946.
Eu não me esqueci. Tu sabes, ou não tivesse eu passado grande parte do meu dia contigo.
O meu dia de ontem foi passado longe de computadores e internet. Começou bem cedo e levou-me até Paredes de Coura com o meu clarinete. Mesmo assim, na "bagagem" levei uma quantidade interminável de músicas que, mesmo passados todos estes anos, me continuam a deixar completamente inebriado. Assim, os meus headphones foram os meus cúmplices durante todo o domingo.
Ontem pensei muito nisso mas não me recordo do momento exacto em que, pela primeira vez, tenha ouvido Queen. Acredito com muita convicção que terá sido um dos êxitos do álbum "A Kind of Magic" mas não posso garantir.
Nesta nossa relação há, no entanto, um momento que "marca" tudo o resto. Daqueles momentos que se entranham de tal forma em nós que a partir daí, tudo parece que acontece antes ou depois "daquilo". Estou a falar da primeira vez que ouvi "Bohemian Rhapsody". Não tenho palavras para te agradecer. Uma combinação perfeita de pop-rock com ópera e heavy-metal. Fabuloso. Gosto de te imaginar sentado ao piano a compor esta obra-prima. Ao ver o Brian May a falar desses dias, mesmo passado tanto tempo, é reconfortante. Até ele parece um garoto tonto a tentar descrever o teu processo criativo. E dá uma vontade enorme de ter estado lá...
A partir daí tudo passou a ser diferente. Bohemian Rhapsody despertou em mim o interesse por toda a obra de 4 dos mais talentosos artistas que o mundo já teve. Depois foi tudo aquilo que tu já sabes... O que seria da minha adolescência, da minha vida, sem a tua música? Até dá vontade de rir, não dá?
Comecei a desbravar os primeiros passos através de algumas cassetes que o Pedro gentilmente me gravou. Lembro-me também de gravar alguns videoclips no vídeo quando dava o Top+. Depois vieram os cd's, os vhs oficiais, os dvd's, os livros de partituras (2 deles custaram-me, na altura, 15 contos cada um), etc, etc, etc... Se repararem bem na foto em cima, algures no lado direito está também a capa que era o meu "caderno" nos tempos de liceu. Já está um bocado gasta pelo tempo mas ainda está bem visível o teu poster lá colado. E como eu guardo isso religiosamente.
Lembro-me de ouvir Don't Stop me Now com o som ligado no máximo. Uma experiência inesquecível... Ou de cantar o Love of my Life com o Ivo a tocar na guitarra. The show must go on, It's a hard life, These are the days of our lives, Jealousy, In the lap of the gods... revisited, The miracle, Spread your wings, You take my breath away, Somebody to love, etc, etc, etc... E nunca mais saía daqui...
Obrigado por todos os arrepios que sinto sempre que toco a tua música ao piano. Por sentir, também dessa forma, o Tono e o Pedro aqui mais perto.
E obrigado por aquela última surpresa que tinhas ainda guardada para mim quando saiu o "Made in Heaven" em 1995 e eu já nada esperava. Foram dias seguidos completamente em êxtase sem fazer mais nada a não ser ouvir a tua excelente música.
Trago comigo apenas a mágoa de ter chegado um pouco tarde. Já não fui a tempo de poder estar em Wembley em 1986 no teu "último" concerto ao vivo com os Queen. Mas, de vez em quando, ainda tento a experiência. Ponho o cd na aparelhagem e deito-me no sofá de olhos fechados. E então é só entrar no mundo do faz-de-conta onde se pode quase tudo. Até mesmo estar lá, no meio da multidão...
Obrigado por tudo. Também pelo dia de ontem. Mesmo quando ainda choro numa ou noutra canção. Ou precisamente por isso...
Miguel
2 comentários:
Bem, este post está simplesmente lindo.
Só quem conhece bem e sente realmente a música de Freddie Mercury poderia escrever assim. Fantástico!
Obrigado por mais esta partilha! :)
Susana
Um marco na História da Música. É, sem dúvida, um motivo de veneração e respeito como se de outro grande músico mundial se tratasse.
Um abraço.
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