(Parte do elenco de "D'Aqui fala o Morto" com o actor Ruy de Carvalho no passado dia 10 de Dezembro)
"D'Aqui fala o Morto" de Carlos Llopis, a nova comédia que o Grupo Cultural e Recreativo de Rossas estreou recentemente, tem alcançado um sucesso invejável. Depois de no dia 3 de Dezembro ter acontecido uma das melhores estreias que este Grupo já conseguiu com um salão a rebentar pelas costuras, foi a vez de no passado dia 10 acontecer um dos momentos mais marcantes desta Associação também com a lotação completamente esgotada. Entre as 233 pessoas que ocupavam todos os lugares sentados de tão carismático salão estava, em plena primeira fila, o consagrado actor Ruy de Carvalho. Também por isso parte do elenco estava um bocadinho mais nervoso que o habitual antes do início do espectáculo. Mas depois de abrir o pano tudo foi desaparecendo e a qualidade a que esta Associação já nos habituou voltou a ser uma constante ao longo das mais de 2h30 que durou o espectáculo. Os risos e as palmas foram uma constante ao longo da noite que culminou com uma aclamação de pé no final da representação. O que é que se pode pedir mais a um público?
No final houve tempo para uma troca de cumprimentos e palavras com o actor Ruy de Carvalho que se mostrou deliciado com o espectáculo e aproveitou para dar algumas dicas que tentaremos seguir à risca nas próximas actuações. Ficámos a saber que a peça tinha estreado em Portugal no ano de 1957 e que ele tinha feito o papel de "Agente Farinha" interpretado neste sábado pelo nosso querido Barbosa.
Sentimo-nos reconfortados quando somos reconhecidos por quem tem realmente legitimidade e capacidade para o fazer. Foi bom ouvir tão sábias palavras. Sempre calmas, serenas e acertadas. Quase a fazer parecer que as coisas podem tornar-se mais fáceis.
Foi um momento muito importante e emocionante para nós. Faz-nos acreditar que o enorme trabalho para conseguir colocar um espectáculo desta dimensão em cena, vale a pena.
A grande maioria das pessoas não faz ideia de todo o trabalho que está por trás de cada estreia levada a cena. Felizmente é proporcional ao enorme prazer que proporciona. Esgotámos nos dias 3 e 10 de Dezembro e posso desde já informar que para o próximo sábado, dia 17, já estão vendidos todos os 233 bilhetes da sala. Como a procura de bilhetes ainda se mantém a um bom ritmo estamos a tentar encontrar uma nova data para fazermos uma quarta apresentação em Rossas, possivelmente no início de Janeiro. Passem palavra a todos os vossos amigos para que seja possível esgotar novamente a sala.
Queria ainda acrescentar umas palavras a propósito do Sr. Ferraz que nos deixou na véspera da segunda actuação. Muitos não sabem mas o Sr. Ferraz era o sócio n.º1 do Grupo Cultural e Recreativo de Rossas. Fez parte dos seus órgãos directivos. Fez muito pelo Teatro em Rossas bem antes de existir alguma associação na freguesia. Apesar de não estar na escritura como fundador do Grupo Cultural e Recreativo de Rossas, foi certamente dos que mais ajudou à sua fundação. E a isso vou estar-lhe grato durante toda a minha vida. A ele devo algumas das lembranças mais queridas da minha infância. Naquela altura o Centro Cultural ainda era uma miragem pois as obras que deveriam levar à sua concretização demoravam uma eternidade. Foi assim que durante largos anos o Teatro chegou a Rossas através da garagem do Sr. Ferraz. Lembro-me que a minha mãe fazia o ponto nos ensaios e eu ia com ela podendo assim brincar com o Pedro, o Carlos, o Rui, o Sérgio ou o Tono. E ainda nos era permitido tomar parte nas actuações fazendo pequenos números nos "intervalos" de cada peça. Tenho para sempre na minha memória a minha estreia a 25 de Dezembro de 1988 com "O Garoto da Rua" e mais tarde, por exemplo, "O Pátio dos Sarilhos". Nessa garagem assisti, completamente rendido, a comédias ímpares como "Dois Mortos... Vivos", "O Criado Distraído", "O Doutor Sovina" ou "Um Empresário em Suores Frios". Ainda consigo sentir o cheiro das tábuas que faziam o palco de então. Está entranhado em mim.
Dizem que para podermos apreciar uma obra de arte devemos estar colocados à distância certa. Se estivermos próximos demais há muitos pormenores que nos escapam. Pois bem... Todas essas pequenas coisinhas dessa altura não me pareceram tão importantes naquela época. Com o passar do tempo essa "distância necessária" foi aparecendo, os pormenores deliciosos foram chegando à minha memória e tento guardá-los da forma mais terna que sou capaz.
A cada nova actuação são também esses momentos e essas pessoas que estamos a ajudar a eternizar...
Um enorme abraço.
2 comentários:
Foi um prazer ter estado neste dia... :-) É sempre tão bom rir com vontade e perceber os talentos da nossa terra!!! Queremos mais teatro!!!
Adorei ver-vos e ouvir-vos. São sem dúvida uns Grandes atores!
Obrigado pelos agradáveis momentos, pelas enormes gargalhadas! Continuem, que eu continuarei a 'seguir-vos' ;)
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