Turma 11.B - Ano lectivo: 1992/1993
Foto de equipa, em cima, da esquerda para a direita: Elísio, Paulo Bastos, "Neno", Rui Pedro, Carlos.
Em baixo, da esquerda para a direita: Pedro Alexandre, Miguel (Eu) e Pedro "Cereja".
Há dias assim. Aqueles em que mais do que em qualquer outro não queremos falhar. E hoje estou assim. Queria ter todas as palavras certas para te dizer. Mais do que isso. Queria entranhar em ti tudo o que tenho para te dizer de tal forma que te conseguisse revolver as entranhas mesmo sem saberes porquê. Queria que sentisses o sangue a queimar-te por dentro mesmo sem encontrares para isso razão aparente. Queria que fosse hoje o dia em que consegui escrever aquele texto melhor que todos os outros como se Camilo, Eça ou Pessoa estivessem empoleirados no meu punho. Mas não consigo. Perdoa-me. Não consigo. Até porque o cansaço já há muito me venceu. Mas não desisto. Por isso vou começar assim, da forma mais simples que julgo ser capaz...
Nunca mais vi o Carlos. Nunca mais. Será certamente um sentimento comum a quem concluiu o secundário num tempo em que não existia internet nem telemóveis. Nunca mais vi o Carlos. E isso dói. Muito. De uma forma que só os corações desprendidos são capazes de perceber. Mas guardo desse tempo muitas das nossas histórias que me fazem tão bem mesmo que saibam sempre a tão pouco. Fecho os olhos e vejo-te chegar à escola na tua "cagiva" sempre em cima da hora. Mesmo que para ti a expressão "em cima da hora" queira dizer 5 minutos atrasado. Acho agora ainda mais graça às inúmeras anedotas que contavas nos intervalos e sinto muitas saudades das nossas conversas sobre o Benfica que defendíamos com unhas e dentes numa turma maioritariamente portista. Lembro-me de quando gritaste GOLO em plena aula de matemática e me abraçaste com o olhar lá do fundo da sala pois o Isaías tinha marcado ao Porto. E desculpa se neste início de texto falo um pouco mais de ti mas de todos os que aparecem na foto és o único que nunca mais vi desde os tempos de liceu e talvez seja a forma que encontrei para colocar a conversa em dia. Foi há 17 anos. Perece que ainda foi ontem. Ou hoje. Há bocadinho. E esta, hein?
Devo estas fotos ao amigo Neno. Era a nossa equipa. Nesse ano haveríamos de conquistar o torneio da escola ganhando na final por 4-0 onde me lembro perfeitamente de marcar o primeiro golo. Memórias, realmente, não me faltam. Escasseia, isso sim, o engenho para as partilhar. Sinto saudades das nossas conversas nos balneários enquanto nos equipávamos ou dos abraços aquando de cada golo marcado. Sinto falta de deambular pelas artérias do liceu convosco com aquelas roupas que hoje nos fariam rebolar a rir.
O Elísio ainda encontro de vez em quando e acabamos sempre por trocar um olá ou um sorriso cúmplice com sabor aos velhos tempos. O Paulo Bastos vou encontrando "virtualmente" pelo facebook e vamos, à nossa maneira, revivendo alguns dos melhores momentos desse 11.º ano. O Neno, por força do destino, encontro agora frequentemente cá por Rossas e a ele devo estas fotos que ajudam a eternizar tantas boas memórias (ainda tenho por aqui mais uma meia dúzia... Eheheh). O Rui Pedro encontro de forma mais espaçada mas o suficiente para trocar algumas impressões sobre as novas aquisições de Benfica e Porto e acabamos sempre a conversa com largos sorrisos no rosto. Os dois Pedros, o Alexandre e o "Cereja", vejo-os muito pouco. Mas sempre com aquele olá cujo timbre parece dizer que bem se lembra daqueles tempos de ouro passados no liceu que agora resolveram demolir. E muitos outros faltam na foto. Sobretudo o Nepinhas e o Freitas de quem haveria ainda tantas histórias a contar.
Sinto falta de chegar a casa e estar a dar o "Isto é Magia" com o Luís de Matos onde lhe descobri muitos dos truques. Sinto falta da "Roda da Sorte" ou do "Com a Verdade M'Enganas". Sinto falta. Não consigo continuar. Já não sou eu a usar as palavras. Sinto serem já elas a usar-me. Talvez o melhor seja mesmo guardar comigo o resto das memórias. Parece impossível. Nunca mais vi o Carlos...
«Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim...do companheirismo vivido. Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro. Vamo-nos perder no tempo...Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: "Quem são aquelas pessoas?" Diremos...que eram nossos amigos e...isso vai doer tanto! "Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!" A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrimas abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo...Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!»
6 comentários:
"E, talvez um dia, chegue a hora do adeus
Deixar-vos-ei com pena, amigos meus,
Mas, mesmo longe, vós estais perto ao pé de mim
Pois entre amigos é assim!"
Obrigada por mais um longe trazido perto! Beijinho
Miguel, mais uma vez, sem palavras! Desculpa, mas tenho de copiar esse texto de Fernando Pessoa, pois começo a perceber essa tua saudade do passado.
Um abraço amigo,
Catarina
ui ...o Freitas.....meu Deus... de quem tu te lembras!
Finalmente acedi a estas fotos! Magnificas ,sem duvida.E´fantastico rever tais momentos. De facto eramos muito unidos. abraço,Rui teles.
No meu percurso de escola, além da primária, esta foi a turma que mais me marcou. Quando me lembro do liceu, é destes amigos que me lembro. Depois há a Amélia, a Patrícia, a Teresa (de Rossas, nunca mais a vi), a Carminda, a Dulce, o Castanhola, o Bruno... Em relação ao Carlos, estive com ele já há alguns anos. Estava em matosinhos com um restaurante, se a memória não me falha. Saudades mesmo e cada um de nós é um bocadinho desse tempo. Obrigada Miguel por nos trazeres lembranças tão boas.
Obrigada Miguel.
Que saudades... Bons tempos e alegria.
Era uma verdadeira turma.
Vencemos o campeonato inter-turmas.
Em relação aos amigos das fotos,acho que estão todos bem, relativamente ao Carlos (primo)ele está casado em Lamas - Feira e trabalha no Porto.
Não sei do Freitas.. É o rapaz que nunca mais vi...
Muito Obrigada pelas fotos...
Fica aqui um repto: Porque não juntar-mos todos num jantar, pra ver-mos?
Pedro "cereja"
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