
Domingo de manhã, 10h15m.
É esta a hora mágica que ainda hoje recordo com uma vontade gigantesca de lá voltar. Era a hora dos ensaios do "grupo coral dos pequenos" quando eu ainda era isso mesmo: pequeno. Lembro-me de muitas caras que passaram por lá mas que pelas mais variadas razões acabariam por desistir. Creio que mais tarde ou mais cedo chegavam à conclusão que aquele não era bem o caminho a seguir. E, provavelmente, todos estariam certos pois os gostos e vocações diferem bastante de pessoa para pessoa. Também por isso, a primeira foto tem um valor incalculável; porque talvez à excepção do Tono e do Sérgio (que terão faltado nesse dia por algum motivo) acabou por eternizar aqueles que realmente "ficaram" até ao fim. Éramos como uma verdadeira família e todas as recordações que tenho dessa altura acabam sempre com o sorriso de alguém na minha memória. Lembro-me muito bem (e a foto comprova) que era dos mais pequeninos e, por essa razão, ficava frequentemente na primeira fila. Terão sido infinitas as vezes em que a Vira nos pedia para alinharmos os pés pela passadeira vermelha que ainda hoje percorre a Igreja do fundo ao cimo. E a saudade que me dá de todas aquelas vezes em que deixava a primeira voz a cantar sozinha e vinha ajudar os rapazes a "segurar" a segunda voz. E podia contar aqui tantas e tantas histórias dessa altura... Até mesmo das vezes em que íamos ao musgo para fazermos o presépio da Igreja pois nessa altura ainda não havia acólitos e essa tarefa cabia ao grupo coral dos mais novos. Tenho saudades desses tempos do Padre Moreira Duarte mesmo quando a missa era às 8h da manhã.
Hoje tenho 34 anos e nunca consegui encontrar desde então uma forma tão gratificante de passar os meus domingos de manhã. É por isso que as palavras faltam quando se pensa em agradecer à Cristina e, sobretudo, à Vira todo o tempo dispensado connosco em troca de nada. Apenas pelo prazer de lançar estas "sementes à terra".
Passados mais de vinte anos alguém se lembrou de tirar uma outra foto. Agora já no grupo coral "dos grandes". Como na primeira foto também aqui há ausências a destacar sendo a maior a nossa querida "Sra Lúcia" que era sempre a primeira a chegar aos ensaios à sexta à noite. Embora desejemos sempre mais, não deixa de ser reconfortante ver que há ainda 3 caras que se mantêm da primeira foto para a segunda. Um sinal de que as sementes de outrora deram fruto. É certo que não somos profissionais. Longe disso. Sentimos até bastantes dificuldades em conseguir animar todas as eucaristias. O meu pai também já não tem as forças de outrora. Nota-se a falta de alguém como a Vira que terá sido talvez a última grande "ensaiadora" que o grupo coral de Rossas conheceu. Mas mantém-se o espírito de entreajuda e de "família". E às vezes vem um arrepio malandro quando o meu pai se lembra de inovar e traz à tona algum cântico diferente do habitual e a Angelina se vira para mim e diz: "cantávamos isto no tempo da Vira, lembras-te?" Claro que me lembro, Lina. Claro que me lembro. Com muita saudade.
Ao longo de toda a minha vida fiz muitos erros. E o tempo que passei no grupo coral não é excepção. Dar-me conta tarde de mais não me envergonha. Pelo contrário. Dá-me mais força para compensar de alguma forma o tempo perdido. E é por isso que de todas as vezes que estas memórias tão fortes se entranham em mim eu acabo a desejar, apesar de tudo, que a certa altura tivesse sido diferente. Porque só assim teria sido ainda melhor...
Um grande abraço a todos os que estão presentes nas fotos. Até sempre.
1 comentários:
Que bom relembrar Miguel!! E aquela foto dos "mais pequenos" está um espectáculo!!!(Acho que vou copiá-la!! hehehe)
Abraço para todos!! Que saudades desse tempo e das nossas brincadeiras!!
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