Vamos fazer o que ainda não foi feito

1994.
Através do meu grande amigo Tono chegou-me às mãos uma cassete que ele me pediu para lhe gravar. O artista tinha um nome estranho: Pedro Abrunhosa. Lembro-me de pôr a cassete a gravar na aparelhagem enquanto estudava matemática para ir mais bem preparado para os exames. Até que passou "Tudo o que eu te dou" e não estudei nem mais um minuto nesse dia. Ainda hoje é a minha canção preferida do Abrunhosa. Logo viria para as minhas prateleiras o cd "Viagens" ouvido até à exaustão (se é que isso é possível) que trazia consigo "Não posso +", "Socorro", "Lua" e "Viagens", por exemplo... Tempos tão bons!
1996.
Chamava-se "Tempo". Começava a ser vendido à meia-noite perto de Santa Catarina na já extinta "Roma Megastore". Trazia o aliciante do Pedro Abrunhosa aparecer por lá. Pois muito bem. Saí da Miguel Bombarda e lá fui eu ainda faltavam alguns minutos para as 21h30m. No meio da algazarra dos presentes, encostado no meu cantinho, por vezes de olhos fechados saboreando todas as novas músicas que por essa altura se deveriam ouvir até na foz, lá esperei a chegada do Abrunhosa. Foi o delírio total... "Tempo", "Se eu fosse um dia o teu olhar", "Será", "É difícil", "Parte de mim", "Eu nunca te perdi", enfim... Jamais esquecerei.
1999.
Agora era o "Silêncio". A ansiedade era muita mas a qualidade não era tão abundante como nos álbuns anteriores. Mesmo assim, "Como uma ilha", "Beijo", "Algarve" e, sobretudo, "Barco para a Afurada" são divinais.
2002.
Foi a vez do "Momento". Lembro-me muito bem de comprar o cd e quase regressar a correr ao meu pequeno quarto na Miguel Bombarda para poder ouvir as novidades. Logo à primeira fiquei completamente embriagado com aquele "Eu não sei quem te perdeu". E trazia ainda "Momento: uma espécie de céu", "Diabo no corpo", "Deixas em mim tanto de ti" ou "Tu não sabes". Definitivamente era o regressar à melhor forma.
2007.
Fez-se "Luz". Ainda antes da estreia do novo álbum tive oportunidade de assistir ao vivo à estreia de algumas das novas baladas. Foi assim o meu primeiro contacto com "Ilumina-me", "Balada de Gisberta" ou "Quem me leva os meus fantasmas". Mais tarde, já com o CD em casa, haveria de chegar "Pontes entre nós". Ainda me lembro de no dia do meu casamento estar sentado ao piano (de cauda) a tocar a "Balada de Gisberta". Adoro essa música.
2010.
Os "Bandemónio" deram lugar aos "Comité Caviar". O nome da nova viagem é para mim, ainda, desconhecido. Sei apenas que faltam 46 dias para ter um CD novo em casa, agora também com umas estantes novas. Por enquanto resta controlar esta ansiedade que vai crescendo e contentar-me com o novo single já disponível "Vamos fazer o que ainda não foi feito". E diga-se de passagem que já não é pouco. A julgar por esta "malha" o novo álbum promete.
Se também quiseres ouvir esta nova pérola é só clicares aqui ou na imagem.
Em baixo fica a letra para o caso de quereres ir trauteando enquanto ouves...
Um abraço sentido.

Miguel


Vamos fazer o que ainda não foi feito (Pedro Abrunhosa)

Sei que me vês
Quando os teus olhos me ignoram
Quando por dentro eu sei que choram
Sabes de mim
Eu sou aquele que se esconde
Sabe de ti sem saber onde
Vamos fazer o que ainda não foi feito
Trago-te em mim
Mesmo que chova no Verão
Queres dizer sim mas dizes não
Vamos fazer o que ainda não foi feito

E eu sou mais do que te invento
Tu és um mundo com mundos por dentro
E temos tanto para contar
Vem esta noite
Fomos tão longe a vida toda
Somos um beijo que demora
Porque amanhã é sempre tarde demais

Eu sei que dói
Sei como foi andares tão só por essa rua
As vozes que te chamam e tu na tua
Esse teu corpo é o teu porto, é o teu jeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito
Sabes quem sou
Para onde vou a vida é curva, não uma linha
As portas que se fecham e eu na minha
A tua sombra é o lugar onde me deito
Vamos fazer o que ainda não foi feito

Tens uma estrada
Tenho uma mão cheia de nada
Somos um todo imperfeito
Tu és inteira e eu desfeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito


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