Beijo

* Gustav Klimt – Le Baiser

Beijo

Beijo na face
Pede-se e dá-se:
Dá?
Que custa um beijo?
Não tenha pejo:
Vá!

Um beijo é culpa,
Que se desculpa:
Dá?
A borboleta
Beija a violeta:
Vá!

Um beijo é graça,
Que a mais não passa:
Dá?
Teme que a tente?
É inocente…
Vá!

Guardo segredo,
Não tenha medo…
Vê?
Dê-me um beijinho,
Dê de mansinho,
Dê!

Como ele é doce!
Como ele trouxe,
Flor,
Paz a meu seio!
Saciar-me veio,
Amor!

Saciar-me? Louco…
Um é tão pouco…
Flor!
Deixa, concede
Que eu mate a sede,
Amor!

Talvez te leve
O vento em breve,
Flor!
A vida foge,
A vida é hoje,
Amor!

Guarda segredo,
Não tenhas medo
Pois!
Um mais na face,
E a mais não passe!
Dois…
Oh! Dois? Piedade!
Coisas tão boas…
Vês?
Quantas pessoas tem a Trindade?
Três!
Três é a conta
Certinha e justa?
Não sejas tonta!
Três!

Três, sim: não cuides
Que te desgraças:
Vês?
Três são as Graças,
Três a s Virtudes;
Três.

As folhas santas
Que o lírio fecham,
Vês?
E não o deixam
Manchar, são…
Quantas?
Três!

João de Deus (Campo de Flores – 1893)

2 comentários:

sara disse...

Olá! Este teu post fez-me lembrar aquela canção: " ora dá cá um, a seguir dá outro, ora dá mais um que só dois é pouco!..."
eh eh eh... :)
Beijinhos então para ti e para a tua "cara-metade" :)
Boa noite!

Anónimo disse...

Começo a acreditar que "os poetas vêem realmente mais alto"... Como o aparentemente simples consegue ser tão bonito, não é?! Beijinhos... Quantos? Três! Eheh!